Jovem, dinâmico, decidido... dentre tantos inúmeros e infinitos adjetivos, nosso entrevistado deste mês, traz ótimas dicas de viagem, sobre tudo o que vivenciou em seu intercâmbio de 1(um) ano no Canadá.
Estudante de Administração pela UFPE- Universidade Federal de Pernambuco, em Caruaru. Aos 19 anos foi intercambista, morando no Canadá. Em Toronto fez um curso de comunicação na área de negócios e de introdução ao comércio exterior.
Ao voltar ao Brasil, se envolveu em alguns projetos científicos na universidade, resultando, assim, em duas publicações. Estuda alemão pelo Senac e é dono de um blog que já está virando referência em todo o estado: www.PERNAMBUCANIA.BL OGSPOT.COM . Visitem o blog, mas antes, leia essa entrevista que nos concedeu em suas férias em Petrolina- PE.
· Aeroporto que desembarcou?
Desembarquei no Aeroporto Internacional de Toronto. É um aeroporto muito moderno e sofisticado que de tão grande possui seu próprio veículo sobre trilhos, usado para deslocar passageiros de um bloco para outro. O vôo que fiz foi direto de Guarulhos para lá. Durou cerca de 11 horas. Cheguei a Toronto às sete da manhã.
· A 1ª impressão?
Costumo dizer que a primeira sensação que tive foi pavor. Estava completamente sozinho, num aeroporto enorme em um país completamente diferente. Mas não demorou muito e o medo se tornou a doce sensação de desafio. O comportamento das pessoas dentro e fora do aeroporto é de indiferença. O cidadão canadense jamais o ajudará até o momento em que ele seja “acionado” por você. Mas, uma vez solicitado, nenhum deles recusa ajudá-lo.
· O que recomenda para quem vai conhecer outro país?
Leia bastante sobre o país. Pratique bastante a língua. Quanto mais informações você souber sobre o país que você deseja conhecer mais fácil será sua assimilação da cultura e língua. Isso também facilitará bastante a interação com as pessoas. Nunca pense que no resto do mundo se comprimenta as pessoas como se comprimenta aqui. Evite cometer gafes.
· Quais as dificuldades encontradas?
Nos primeiros meses a língua é uma barreira natural. Por mais que você tenha um bom nível de compreensão e fala, sempre vai achar algum erro ou deficiência na pronúncia, compreensão ou escrita. Isso naturalmente vai sendo sanado. Outra dificuldade bastante perturbadora é alimentação. É comum ouvir de intercambistas que sofreram muito com a culinária do país que ficaram. Estar aberto a uma nova cultura também quer dizer preparar seu paladar pro diferente. Outra questão também importante é o dinheiro. No Canadá cada cédula e moeda têm um nome. Me lembro ter passado algumas horas decorando o nome de cada uma delas na mesa do meu quarto.
· O que mais foi fácil e o que se tornou mais difícil pra você?
Fácil foi adaptar-se à cultura e língua em geral. Difícil foi “sobreviver” ao clima e ao solstício de Inverno. Houve dias em que pouco se via o sol. No final do ano eu pegava o ônibus pro colégio às 8 da manhã e ele sequer havia nascido. Ao sair do prédio, depois da aula, umas 4 da tarde, ele já havia se posto. Isso bagunça seu relógio biológico, te dá mais sono. E o frio (algumas vezes menos 20, menos 25 graus Celsius) te faz não querer sair de casa. Nesses dias, o próprio governo encoraja as pessoas a saírem de casa e manterem suas vidas normais. É muito comum ouvir casos de depressão nesta época do ano.
· O que não levar?
Não leve a sua casa na mala. Por mais longo seja o período que você for ficar você nunca vai usar tudo! Sempre viaje com espaço sobrando na sua mala porque ela sempre volta muito mais apertada. É importante lembrar que durante sua estadia, você terá de comprar vários itens de vestuário na própria cidade onde você ficará.
· Qual o destino que pretende conhecer?
Atualmente tenho estado bastante interessado em conhecer o centro econômico europeu: Frankfurt, na Alemanha.
· O que é ser um intercambista?
Ser intercambista é enxergar o mundo com outros olhos. É viver cada segundo intensamente, como se fosse o último dia de sua vida. É respeitar cada cultura e cada diferença entre as pessoas. É sentir-se absurdamente íntimo de pessoas que você conheceu a pouquíssimo tempo. É ajudar o tempo inteiro e sempre precisar de ajuda. É nunca perder o ânimo e estar pronto para levantar ás 5 da manhã pra tirar a neve do seu jardim. É brincar, se divertir. É sentir orgulho de representar seu país e estado onde quer que você esteja. É festejar e comemorar sempre. É fazer amigos pra vida toda. Por fim, é voltar pra casa e ter a sensação maluca de que tudo que você viveu foi um sonho bom.
· Qual o valor do intercâmbio?
O valor depende muito do local que você escolhe morar. Hoje, em função dos baixos preços das passagens aéreas o preço do intercambio é basicamente formado pelo valor de sua estadia adicionado a transporte, alimentação, escola e lazer, vezes a quantidade de meses que pretende ficar. No meu caso isso dava uma média de C$: 1.100,00 mês.
· Para quem não conhece, como você definiria o Rotary?
O Rotary é uma família formada por pessoas que compartilham o propósito de querer fazer algo mais por sua cidade e ambiente onde vivem. É um time que une esforços para buscar a melhoria de todos.
· Que pessoa você jamais esqueceria de agradecer por ter apoiado no Canadá?
Sem dúvida o meu Coordenador de Homestay: Paul. Ele foi a pessoa com quem pude contar no momento em que mais precisei. A instituição de ensino foi de extrema importância para minha adaptação nos primeiros dias. E ele sempre me ajudou quando precisei.
· Como é a cidade em que você ficou?(turismo,hospedagem, locais de se visitar...)
Toronto é maior e mais populosa cidade do Canadá. É como se fosse uma São Paulo canadense. Uma cidade linda com um planejamento urbano de primeiro mundo, transporte público de impressionante eficiência. É uma cidade que conseguiu modernizar-se sem sacrificar suas construções antigas. Em outras palavras é uma cidade de arranha-céus futuristas e igrejas de arquitetura antigas. Possui uma vida noturna demasiado ativa e constantemente é palco de grandes eventos. Toronto é também um caldeirão de culturas, costumes e línguas. É possível encontrar pessoas de várias nacionalidades vivendo em comunidades urbanas conforme seus costumes e cultura. É uma cidade que pulsa diversidade.
· Do que mais sente saudade?
Snowboarding. Sempre fora um dos meus grandes sonhos e depois do quarto mês, quando senti autonomia lingüística suficiente para viajar sozinho, comecei a reservar hotéis em cidadezinhas no interior para onde eu ia praticar snowboarding nas montanhas. É uma experiência incrível. Espero algum dia voltar para lá para praticar esse esporte de novo.
· Qual o momento em que é preciso manter a calma?
No primeiro dia, quando me perdi no centro da cidade. Ainda estava aprendendo os nomes das ruas e avenidas e não entendia muito bem como funcionava o sistema de metrô (principal transporte da cidade). Tive que pegar um mapa, e com muita paciência, entender os caminhos que teria de percorrer e as estações onde desceria, isso perguntando bastante as pessoas na rua, claro.
· O que talvez, o Brasil poderia copiar da cidade onde você estava?
A pontualidade, organização, cordialidade e respeito pelo bem público. Uma cidade munida de um excelente sistema de transporte público, raríssimas vezes tem problemas com mobilidade urbana. As pessoas não chegam atrasadas aos seus colégios, trabalhos e compromissos. A organização urbana da cidade, com saneamento, ruas largas, calçadas com acessos para cadeirantes e pessoas portadoras de deficiência, melhoram muito a qualidade de vida dos habitantes. A cordialidade na forma como tratam as pessoas, com respeito as diferenças e equidade de direitos é imprescindível para o bom convívio. E, por fim, o respeito ao bem público, que, no Canadá é mais zelado que o próprio bem particular. Acho que, em geral, temos muito a aprender com eles, bem como eles tem muito a aprender conosco. O Brasil também é um país com muitas qualidades.
Abaixo, curta as fotos desse jovem intercambista, que trouxe na mala, muita experiência e ótimas dicas para quem vai viajar!
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